domingo, 23 de setembro de 2012

Especialistas defendem fim de consórcios

Especialistas defendem fim de consórcios por região na Capital Paulista

onibus
Sistema de ônibus em São Paulo precisa ser reorganizado, de acordo com especialistas em transportes. Eles defendem a ampliação de corredores, criação de mais sistemas tronco-alimentadores e o fim da regionalização dos consórcios, com linhas que liguem diferentes regiões. Foto: Adamo Bazani
Ônibus em São Paulo são lentos, superlotados e desorganizados
Especialistas defendem corredores de ônibus, mas apontam reorganização do sistema como algo indispensável
O ESTADO DE SÃO PAULO
A construção de corredores exclusivos de ônibus aparece em quase todos os discursos dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Mas um outro problema, ligado à administração do sistema, poderia ajudar bastante, segundo especialistas, a reduzir a espera dos passageiros nos pontos de ônibus: a melhor distribuição das linhas pelos bairros do município.
Sete meses após a posse, o futuro prefeito terá a chance de enfrentar o gargalo. Terminam em julho de 2013 os contratos com as empresas concessionárias de ônibus e com as cooperativas de vans que prestam o serviço de transporte coletivo. São 15 mil veículos que percorrem 1,3 mil linhas espalhadas em oito regiões – as catracas dos ônibus paulistanos rodam, por dia, quase 10 milhões de vezes.
No contrato das concessionárias, em vigência há dez anos, há a possibilidade de prorrogação por mais cinco. Os das cooperativas não podem mais ser renovados.
Em geral, as linhas de ônibus fazem trajetos de cada uma das regiões e bairros em direção ao centro. As cooperativas mantêm as vans com traçados auxiliares entre os bairros e até os 28 terminais de ônibus. Mas faltam linhas entre as regiões da cidade, o que aumenta o tempo de espera dos passageiros nos pontos.
No primeiro semestre, a ouvidoria da São Paulo Transporte (SPTrans) registrou mais de 77 mil reclamações de usuários do sistema. O motivo principal (27 mil) é o intervalo excessivo de espera pelo ônibus. E quando ele chega, já está superlotado. O preço da passagem na cidade é R$ 3 – com o Bilhete Único é possível realizar até quatro viagens num período de 3 horas.
Para especialistas, a licitação permite rever por completo a organização do sistema, estabelecer novas metas de qualidade e redistribuir as linhas – concentrando as de trajeto semelhante em corredores. Segundo consultores em transportes, é indispensável aliar a reorganização ao investimento em corredores exclusivos. A gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) não conseguiu concluir os 66 quilômetros de corredores prometidos em 2008. Só em maio abriu licitação para a construção das vias exclusivas, no valor de R$ 2,3 bilhões.
Para o mestre em Transportes pela USP Sérgio Ejzenberg, os ônibus devem complementar o transporte de massa do metrô – sistema de transporte sob responsabilidade do governo estadual -, fazer a ligação com as estações e terminais. Ele defende que é o momento de rearranjar o sistema, transferindo linhas para corredores com faixa na esquerda, veículos biarticulados e ônibus expressos e paradores. A proposta dele é que, nos bairros, a Prefeitura deixe ônibus menores e com maior frequência de passagem, para reduzir o tempo de espera. “Esperar mais do que 10 minutos numa periferia para trabalhar às 5h da manhã é desesperador. A lotação do ônibus só interessa ao transportador.”
O engenheiro de trânsito Flamínio Fichmann defende que a nova licitação acabe com a regionalização dos consórcios: “Os editais só atendem ao interesse dos empresários, em função das áreas tradicionais em que eles operam”. Para Fichmann, São Paulo precisa criar mais linhas “perimetrais” – entre as regiões -, baseadas em necessidades de viagem que já podem ser identificadas pela SPTrans com análise de informações de sistema GPS dos veículos e do bilhete único dos passageiros. “Assim haveria maior cobertura, com linhas novas e ônibus de menor capacidade, que operam onde grandes não entram.”
Mestre em Transportes pela USP, Horácio Figueira aposta na criação de linhas-tronco, que façam percursos fixos em corredores de ônibus conectados por GPS com os semáforos, para acelerar as viagens. “É só colocar as linhas em corredores. Precisamos deixar o ônibus andar, dar velocidade”, afirma.
Matéria original publicada no Jornal O Estado de São Paulo

Fonte:Blog Ponto de ônibus.

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