Das três propostas que poderiam ser aprovadas, vereadores escolheram a que foi feita em cima da hora, por vereador petista
Cheiro de pizza no ar? Ou a população deve dar um voto de confiança?
Nesta quinta-feira, dia 28 de junho, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou qual das três propostas vai ser seguida para orientar os trabalhos da CPI dos Transportes.
A instauração da CPI ganhou por 40 votos a 11.
A proposta selecionada foi aquela apresentada pelo vereador Paulo Fiorilo do PT, elaborada na última hora pela base de sustentação do Prefeito Fernando Haddad e do Secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
Tanto o PT – Partido dos Trabalhadores – com o PP – Partido Progressista, de Paulo Maluf, aliado do governo municipal, sempre se demonstraram contrários a realização de uma CPI para analisar o sistema de transportes de São Paulo.
Um dia antes da apresentação da proposta, Arselino Tatto, PT, se declarou conta a CPI e disse que a cidade deveria criar uma comissão de estudos para analisar os transportes.
Mas depois das manifestações e pressões populares, a base de Haddad elaborou um modelo de investigação parlamentar.
Havia também outras duas propostas de CPI por parte de vereadores oposicionistas: de Ricardo Young, do PPS, e de Paulo Frange do PTB.
Há diversas diferenças entre as propostas.
A de Paulo Fiorilo, do PT, é considerada a mais superficial e tem como foco principal a análise das planilhas de custos do sistema, como gastos das empresas, do poder público, a racionalização dos serviços e os lucros das empresas de ônibus.
A proposta de Ricardo Young era considerada a mais abrangente, além de planilhas, previa analisar a qualidade dos transportes na cidade, o custo excessivo para operação dos ônibus e irregularidades atribuídas a empresas de ônibus e cooperativas.
Paulo Frange queria investigar as irregularidades no transporte coletivo por ônibus em São Paulo.
O presidente da Fecotransp – Federação das Cooperativas do Estado de São Paulo, Paulo César Farias, se disse satisfeito com a instalação da CPI, mas teme que a comissão termine em pizza.
“É um momento de mobilização da sociedade e é mais que justo saber para onde vai o dinheiro do subsídio. Esperamos que não acabe em pizza. Vale lembrar que nós das cooperativas recebemos em média R$ 1,50 por passageiro transportado. Onde está o resto do dinheiro?” – disse o representante.
O presidente da Cooperpeople, Antônio Alves, disse que deseja que a CPI esclareça porque a diferença de remuneração das cooperativas e das empresas é tão grande.
“A CPI deve contribuir para que a verdade apareça. Somos menos remunerados que os empresários. Queremos que seja mostrada a importância das cooperativas em São Paulo”.
A SPUrbanuss que é o sindicato responsável pelas empresas de ônibus disse que o que deve prevalecer é o interesse do povo e que as empresas vão colaborar para as informações se necessário.
OPERAÇÃO DE GUERRA:
Os assessores da base de Fernando Haddad ficaram desde as seis horas da manhã desta quinta-feira de olho no relógio do setor de protocolo da Câmara de Vereadores. Com isso, garantiram que a proposta do parlamentar petista fosse a primeira e a única a ser apreciada.
As duas propostas dos opositores sequer foram votadas.
Em entrevista à imprensa, oposicionistas chamaram a CPI de chapa branca, como o líder do PSDB, Floriano Pesaro
“Essa CPI é mais que chapa branca. Se não tiver nossa profunda participação, o governo vai levar essa CPI a lugar nenhum” – disse aos jornalistas.
Paulo Frange, do PTB, autor de uma das propostas disse que quer ver o partido participando do modelo apresentando por Paulo Fiorilo, do PT.
As investigações nos moldes do PT terão 120 dias de funcionamento.
O presidente da Câmara, José Américo, também do PT, pediu aos líderes de partidos a indicação dos sete nomes que devem ser escolhidos para integrarem a Comissão, o que deve ocorrer ainda nesta sexta-feira, mas os parlamentares devem ser:
Paulo Fiorillo (PT), Eduardo Tuma (PSDB), Edir Salles (PSD), Milton Leite (DEM), Dalton Silvano (PV ), Adilson Amadeu (PTB) e Nelo Rodolfo (PMDB).
A oposição deve pedir a relatoria.
Fiorilo disse que Fernando Haddad não teve nenhuma relação com a proposta da CPI petista. Criticou o modelo proposto por Ricardo Young, dizendo que era vago e que não tinha foco, e afirmou que a Comissão não é chapa branca
“Nós vamos presidir uma CPI que tem um objeto e esse objeto será averiguado”, afirmou. “Vamos discutir as planilhas, abri-las, vamos verificar qual a situação do sistema e discutir subsídios.”
Mesmo não tendo sua proposta aprovada, Ricardo Young disse não se sente frustrado.
“Eu não estou frustrado porque até ontem, até anteontem, nem sequer a ideia de CPI era admitida pelo governo. Muita coisa mudou. A pressão popular, a pressão aqui na casa fez com que se visse que a instalação da CPI aqui na casa era inevitável e necessária”, afirmou.
“Agora é claro que o governo não quer ser controlado pela sociedade. No afogadilho, propuseram uma CPI com escopo muito menor, com um número menor de membros, para que haja mais espaço da base aliada”, disse Young.
Dezenas de manifestantes de movimentos sociais e do Movimento Passe Livre estiveram presentes na sessão e ocuparam a área externa da Câmara com cartazes e faixas exigindo a realização da CPI.
Fonte: por: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.Informações de Fabiana Novello, repórter da Rádio CBN de São Paulo.
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