terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estação Caucaia:Muita espera e acidentes


Sex, 26 de Agosto de 2011 13:34


Os moradores do entorno da estação de trem de Caucaia não aguentam mais o bloqueio da passagem causada pelos trens da ALL – América Latina Logística. Não é de hoje que eles convivem com esse problema. Desde que a ALL assumiu a administração da ferrovia as manobras dos trens deixam moradores irritados e correndo o risco de se envolverem em acidentes.
O tempo de espera chega a quase uma hora e há relatos de que de madrugada os trens param por muito tempo.
Moradores conversaram com o cotiatododia na semana passada. Uma pessoa disse que recentemente ficou das 23 às 3 horas da madrugada esperando o trem liberar a passagem da Estrada da Estação com a Estrada dos Pires. Outro relato diz que todos os dias, por volta das 18 horas, o trem fica parado na estação e obstruindo a passagem por cerca de 30 minutos.
“Nós já reclamamos diversas vezes para os funcionários da ALL, mas eles não ligam e nem conversam com a gente”, conta C., vizinha da estação.
Essa situação fez com que uma perua escolar que transportava alunos que moram do outro lado da linha, deixasse de buscar as crianças em suas casas. Agora ela não atravessa mais a linha e espera os alunos do outro lado.
Os casos de pessoas que atravessam por debaixo ou pelo meio do trem parado são muitos. Homens, mulheres e crianças arriscam suas vidas.
“Se precisamos de uma ambulância, como já aconteceu com meu vizinho, é muito complicado. Ele precisou ser levado para o hospital, mas o trem estava parado. A situação dele ficou mais grave pela demora e o pessoal da ALL não retirou o trem do caminho”, relatou a moradora S.

Em relação à circulação de trens na região de Caucaia do Alto, em Cotia, a ALL esclarece que: Quando há o cruzamento de dois trens em sentido contrário próximo à entrada da Estação de Caucaia, é preciso interromper a passagem de nível por, no máximo,10 minutos. O trecho ferroviário de Caucaia do Alto tem uma circulação alta de trens por ser um ponto estratégico para as composições descerem até o Porto de Santos. Circulam neste trecho de Caucaia trens de outras duas companhias.
Moradores se arriscam na passagem Perua escolar espera alunos 
Acidentes são constantes e empresa não dá assistência às vítimas
Os relatos de acidentes na região são muitos. Recentemente um pai de família com três filhos teve seu carro abalroado por uma composição. Como o trem estava em baixa velocidade, não houve vítimas fatais, mas a família teve escoriações.
Um jovem teve um braço decepado ao cair na linha e ser atropelado pelo trem. A família não quis conversar com nossa reportagem, mas uma amiga próxima disse que eles não tiveram nenhuma assistência e que o rapaz tempos depois do acidente, teve problemas psicológicos gravíssimos, que o levaram, inclusive, a usar drogas e bebidas. Ele não consegue arrumar emprego por ter perdido o braço.
Uma moradora contou a história de seu tio de 47 anos que teve fratura de costelas e perfuração do pulmão, após ser atingido por um vagão. Ela alega que a ALL não arcou com nenhuma despesa.
Outro caso grave é o do Sr. R.D.R., de 48 anos. Ele foi vítima de um acidente no dia 26 de março de 2004. O trem estava parado há muito tempo no caminho e R.D.R., que voltava do trabalho, foi passar por um vão entre os vagões. Só que no momento em que passava, o trem entrou em movimento. O morador perdeu o equilíbrio e caiu entre os vagões. O acidente causou a amputação da perna e braço direito, parte do pé esquerdo e três dedos da mão esquerda. O resgate foi demorado. A vítima ficou internada por muitos dias.
Por não receber nenhum auxílio da empresa, R.D.R. entrou na Justiça. Os advogados pediam 200 mil reais de indenização. “Entrei na Justiça, mas a empresa disse que eu não tinha nenhum direito, falaram que eu estava bêbado. Os advogados falaram que o negócio ia demorar e que no máximo em sete anos eu receberia, mas até hoje nada”, reclama o senhor.

Morador mostra como ficou pós-acidente R.D.R. usa prótese na perna
O irmão da vítima, W.D.R., disse que eles foram a três audiências para acordo de indenização. O juiz ouviu a proposta, houve um acordo, mas o advogado da empresa depois de algum tempo recorreu.
A última convocação para audiência foi em 03/10/2006. De lá para cá, nem os advogados deram alguma satisfação para a vítima. R.D.R. mora com o irmão e a mãe. Vive da aposentadoria de R$ 545. Não pode mais trabalhar e convive com dores pelo corpo. Usa uma prótese no lugar da perna amputada. Ainda mora no mesmo local, à beira da ferrovia e diz que às vezes quando ouve o barulho do trem, lembra-se daquele triste 26 de março de 2004.
Sobre acidentes, a ALL informou que, de acordo com o Código Nacional de Trânsito (art. 29, inc. XII), a linha férrea é sempre preferencial. A ALL realiza blitze educativas nos principais cruzamentos com a linha férrea atentando motoristas e pedestres sobre os cuidados necessários ao cruzar a ferrovia. Também são realizadas palestras educativas em escolas localizadas próximas à malha.
Sobre a sinalização no cruzamento com a linha férrea, a ALL disse que não é responsável pelo serviço, e que cabe à Prefeitura sinalizar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sugestão, Reclamações, Elogios, Comentários e Perguntas