Número mostra que cidade precisa reformular sistema e criar de fato serviços troncais
O dado divulgado pela SPTrans – São Paulo Transportes de que a velocidade média dos ônibus urbanos em corredores tem caído, ficando abaixo de 14 km/h em 2012 no horário de pico da tarde, revela que além de os corredores precisarem oferecer mais estrutura para os transportes, como pontos de ultrapassagem e separação real do trânsito comum, o sistema de linhas em São Paulo precisa de readequações.
De acordo com matéria publicada pelo jornal “Folha de São Paulo”, neste sábado dia 30 de março, metade das linhas de ônibus que servem corredores exclusivos só usa aproximadamente 10% da extensão destes corredores. São cerca de 800 linhas no total, muitas delas sobrepostas.
O resultado é um entra e sai de ônibus constante dos corredores com cenas como de cobradores dando sinal pela janela para que outros ônibus e carros de passeio deem a vez para a saída ou entrada do corredor.
Além de reduzir a velocidade e a eficiência do transporte público, este modelo também interfere no trânsito de veículos comuns.
Ao jornal, o técnico da SPTrans, Maurício Lima, diz que a capacidade dos corredores não é bem aproveitada com este modelo de linhas.
“São ônibus que entram no corredor, andam apenas uma ou duas quadras, e já saem, o que acaba interferindo no comportamento do corredor tirando sua capacidade” – disse.
Para os especialistas em transportes, a solução é uma reformulação do sistema de transportes, algo que em parte vai ser tentado na próxima licitação municipal.
Com isso, a quantidade de linhas troncais que servem plenamente os corredores deve ser ampliada, recebendo os passageiros de ônibus menores em estações ou terminais de bairro.
Mesmo que os corredores de São Paulo tivessem uma estrutura de Bus Rapid Transit, o que em sua maioria não têm, o sistema de linhas inviabilizaria a execução dos serviços nos moldes de BRT, que conta com ônibus expressos articulados ou biarticulados e que servem a totalidade dos corredores.
Para casos em que os ônibus de bairros precisarem usar pelo menos uma parte dos corredores, os especialistas defendem mais estrutura, como faixas de ultrapassagem para que os ônibus que continuam no corredor possam fluir sem restrição de velocidade e semáforos de trocas de faixas para os ônibus e carros.
A “Folha de São Paulo” traz uma tabela da SPTrans sobre a quantidade de linhas que usam determinadas extensões de corredores. Para se ter uma idéia, das 182 linhas que usam o corredor Pirituba – Lapa – Centro, 133 delas trafegam numa extensão de apenas 10% do espaço. Os ônibus saem dos corredores, não porque os corredores acabam ou por causa das filas dos pontos, a maior parte dos casos é devido ao traçado das linhas.
Fonte: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
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