A morte de sete pessoas no Rio de Janeiro após um ônibus
com a licença vencida há dois anos e com quase 50 multas cair de uma
ponte de dez metros de altura, na tarde da última terça-feira, suscitou
uma pergunta na maior cidade do Brasil: como está a fiscalização dos
ônibus na capital paulista para se evitar que, como na capital
fluminense, um coletivo sem nenhuma condição de tráfego circule
livremente pelas ruas e avenidas da cidade? A palavra preocupante
resume a resposta da questão.
Em São Paulo, de acordo com dados fornecidos pela SPTrans,
autarquia responsável pelo sistema de ônibus paulistano, existem 663
fiscais que têm por obrigação checar se os ônibus da cidade estão
seguindo as normas de trânsito e segurança. Divididos pela frota da
capital, que é de 15 mil ônibus, a média é de um fiscal para cada 22
coletivos.
A situação não chega a
ser tão grave como no Rio de Janeiro, onde há 40 agentes para fiscalizar
nove mil ônibus. Em terras cariocas, a média é de 225 fiscais para cada
coletivo. No entanto, não há motivos para supor que São Paulo esteja
livre de ter circulando pelas ruas e avenidas ônibus com documentação
vencida e carregado de multas. Ao menos é assim que pensa o
diretor-geral da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Dirceu
Rodrigues Alves. Para ele, é impossível um agente para cada 22 ônibus
ser capaz, por mais empenhado que seja, de fazer um trabalho com
qualidade. “Não dá. É humanamente impossível. A escassez de recursos
humanos é um dos principais obstáculos a serem transpostos pelo
sistema.”
POVO CONCORDA/ Ninguém
melhor do que os passageiros de ônibus para saber se o trabalho dos
fiscais da SPTrans está sendo benfeito. Na opinião da negociadora de
cobrança Ani Jacqueline da Silva, 26 anos, que nesta quinta-feira à
tarde esperava por mais de 30 minutos por um coletivo na região da
Penha, Zona Leste, o transporte na cidade está uma “porcaria”. “De zero a
dez, eu dou nota zero. Os motoristas correm demais, não param no ponto e
são grosseiros ”, esbravejou.
Cintia dos Santos
Oliveira não é tão crítica quanto Ani, mas concorda que os ônibus
paulistanos deixam muito a desejar. “São de péssima qualidade. Só uso
porque não tenho outra opção”, afirmou.
Sindicato diz que sistema de multas induz a infração
As multas aplicadas
pelos fiscais da Prefeitura nas empresas de ônibus de São Paulo são
apontadas pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores da capital como
uma forma de facilitar a renovação da licença anual concedida pelo
Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
A consequência direta,
segundo o sindicato, é um relaxamento das empresas, que, mesmo multadas,
não precisam quitar a dívida para conseguir o licenciamento.
Isso porque as regras do
setor são impostas pelo Resan (Regulamento de Sanções e Multas) e não
seguem a cartilha do Código Nacional de Trânsito. Assim, avalia o
sindicato, as concessionárias não se preocupam em pagar as multas. “O
desconto pode vir no repasse (que a Prefeitura faz para as empresas),
mas depois as empresas ganham a causa de multa indevida”, disse o
diretor do sindicato Nailton Souza.
A SPTrans diz que não há relação entre as questões. A base do argumento é o que o valor da multa fica retido no repasse.
Motorista e passageiro indiciados
O titular do 21º
Distrito Policial (Bonsucesso), José Pedro Costa da Silva, indiciou
nesta quinta por homicídio doloso (com intenção de matar) o motorista
do ônibus que caiu na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, e o jovem
suspeito de tê-lo agredido antes do acidente. Ambos também responderão
por tentativa de homicídio em relação aos sobreviventes.
Na capital, 10 milhões de viagens/dia
Diariamente, 9,8 milhões
de viagens são realizadas pelos 15 mil ônibus municipais, que operam em
oito consórcios de empresas e oito de cooperativas.
Fonte: Blog Meu Transporte, Por Eduardo Athayde Informações: Diário de SP
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