sexta-feira, 5 de abril de 2013

Governo autoriza reajuste de até 6,31% no preço de remédios



O governo autorizou ontem o reajuste de até 6,31% no preço dos medicamentos que, na prática, pelo menos 12 farmácias da cidade de São Paulo já tinham repassado a seus clientes desde segunda de acordo com o jornal "Agora". Em 2012, a alta máxima autorizada foi de 5,85%.

Embora a autorização para o reajuste tenha sido publicada ontem no "Diário Oficial" da União, a própria indústria farmacêutica reconhece que os novos preços já estavam em vigor.

A alta no preço depende da categoria dos remédios.

Para os medicamentos de nível 1 --em que a participação de genéricos no mercado é igual ou superior a 20%--, o reajuste máximo será de 6,31%. A lista é composta por remédios mais simples, de maior concorrência, como amoxilina, omeprazol e paracetamol, entre outros.

Para os de nível 2 --com participação de genéricos entre 15% e 20%--, o reajuste máximo será de 4,51%. Fazem parte dessa categoria remédios como docaína (anestésico local), risperidona (antipsicótico) e a tríplice vacina.

Para os de nível 3 --com participação de genéricos abaixo de 15% do mercado por se tratar de medicamentos mais especializados, de alta tecnologia--, o reajuste máximo será de 2,70%. É o caso de antirretrovirais, anticoncepcionais e ritalina.

Cálculo do Sindusfarma (sindicato das indústrias farmacêuticas de São Paulo) mostra que, se os remédios forem reajustados pelo preço máximo, a alta média para o consumidor será 4,59%.

NECESSIDADE

Para Beatriz Vasconcelos, aposentada de 68 anos que gasta cerca de R$ 200 por mês com medicamentos, o governo deveria evitar o aumento.

"Ninguém compra remédio por esporte. O governo deveria tirar imposto dos remédios, assim como faz com o carro", diz a ex-professora de história e geografia. "O remédio é muito mais necessário que o carro. Não há uma família que não tome remédio."

Vasconcelos tem pressão alta e toma remédio para para controlar o colesterol e cálcio contra a osteoporose.

R$ 70 BILHÕES

Levantamento do Ibope Inteligência divulgado ontem mostra a importância do setor para a economia do país.

Impulsionado pelas classes B e C, o comércio deve crescer 12% neste ano e atingir R$ 70 bilhões.

A classe C é responsável por quase metade do consumo de remédios no país (45% do total), seguida das classes B (34%), D/E (12%) e A (9%).

Segundo o estudo, o gasto anual médio dos brasileiros com remédios é de R$ 430,92.

INFLAÇÃO

A Sindusfarma criticou o reajuste, dizendo que o percentual é baixo e não repõe as perdas para a inflação.

"Mais uma vez, o governo aplicou um discutível cálculo de produtividade que reduz o índice de reajuste e prejudica muitas empresas, ao impedi-las de repor o aumento de custos de produção do período", informou a entidade, em nota.

As indústrias de produtos farmacêuticos em São Paulo dizem que os medicamentos subiram em média 4,11% em 2012 e a inflação, 5,84% segundo o IPCA (índice de inflação oficial do governo, medido pelo IBGE).

RENTABILIDADE

"Desde 2011, a indústria farmacêutica enfrenta fortes pressões de custo, principalmente com pessoal, insumos e matérias-primas", diz o Sindusfarma. "Até agora, o setor absorveu esse impacto, mas em contrapartida experimentou queda de rentabilidade."

O setor diz que "a continuidade dessa situação vai afetar a saúde financeira das empresas, podendo comprometer o lançamento de produtos e os investimentos necessários ao desenvolvimento de medicamentos inovadores".
Fonte: Folha Online

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