Embora a autorização para o reajuste tenha sido publicada ontem no "Diário Oficial" da União, a própria indústria farmacêutica reconhece que os novos preços já estavam em vigor.
A alta no preço depende da categoria dos remédios.
Para os medicamentos de nível 1 --em que a participação de genéricos no mercado é igual ou superior a 20%--, o reajuste máximo será de 6,31%. A lista é composta por remédios mais simples, de maior concorrência, como amoxilina, omeprazol e paracetamol, entre outros.
Para os de nível 2 --com participação de genéricos entre 15% e 20%--, o reajuste máximo será de 4,51%. Fazem parte dessa categoria remédios como docaína (anestésico local), risperidona (antipsicótico) e a tríplice vacina.
Para os de nível 3 --com participação de genéricos abaixo de 15% do mercado por se tratar de medicamentos mais especializados, de alta tecnologia--, o reajuste máximo será de 2,70%. É o caso de antirretrovirais, anticoncepcionais e ritalina.
Cálculo do Sindusfarma (sindicato das indústrias farmacêuticas de São Paulo) mostra que, se os remédios forem reajustados pelo preço máximo, a alta média para o consumidor será 4,59%.
NECESSIDADE
Para Beatriz Vasconcelos, aposentada de 68 anos que gasta cerca de R$ 200 por mês com medicamentos, o governo deveria evitar o aumento.
"Ninguém compra remédio por esporte. O governo deveria tirar imposto dos remédios, assim como faz com o carro", diz a ex-professora de história e geografia. "O remédio é muito mais necessário que o carro. Não há uma família que não tome remédio."
Vasconcelos tem pressão alta e toma remédio para para controlar o colesterol e cálcio contra a osteoporose.
R$ 70 BILHÕES
Levantamento do Ibope Inteligência divulgado ontem mostra a importância do setor para a economia do país.
Impulsionado pelas classes B e C, o comércio deve crescer 12% neste ano e atingir R$ 70 bilhões.
A classe C é responsável por quase metade do consumo de remédios no país (45% do total), seguida das classes B (34%), D/E (12%) e A (9%).
Segundo o estudo, o gasto anual médio dos brasileiros com remédios é de R$ 430,92.
INFLAÇÃO
A Sindusfarma criticou o reajuste, dizendo que o percentual é baixo e não repõe as perdas para a inflação.
"Mais uma vez, o governo aplicou um discutível cálculo de produtividade que reduz o índice de reajuste e prejudica muitas empresas, ao impedi-las de repor o aumento de custos de produção do período", informou a entidade, em nota.
As indústrias de produtos farmacêuticos em São Paulo dizem que os medicamentos subiram em média 4,11% em 2012 e a inflação, 5,84% segundo o IPCA (índice de inflação oficial do governo, medido pelo IBGE).
RENTABILIDADE
"Desde 2011, a indústria farmacêutica enfrenta fortes pressões de custo, principalmente com pessoal, insumos e matérias-primas", diz o Sindusfarma. "Até agora, o setor absorveu esse impacto, mas em contrapartida experimentou queda de rentabilidade."
O setor diz que "a continuidade dessa situação vai afetar a saúde financeira das empresas, podendo comprometer o lançamento de produtos e os investimentos necessários ao desenvolvimento de medicamentos inovadores".
Fonte: Folha Online
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