H-Buster pode demitir 860 trabalhadores
Funcionários da empresa H-Buster fizeram nesta manhã uma manifestação em frente à Câmara e Prefeitura de Cotia, pedindo apoio aos vereadores e prefeito para a situação que vivem os mais de 800 trabalhadores, que estão sem receber salários desde fevereiro e correm o risco de perderem o emprego. Centenas de trabalhadores seguiram em passeata entre a câmara e prefeitura. A luta dos empregados tem como objetivo fazer com que a empresa volte a operar suas linhas de produção e garantir o emprego de todos. Dos 860 trabalhadores da H-Buster, cerca de 600 são moradores de Cotia (é a maior empregadora de mão de obra da cidade), e, segundo o sindicato da categoria, a demissão em massa causaria um impacto muito grande na economia da cidade, já que injeta R$ 1,4 milhões.
A empresa, fabricante de televisores, notebooks e aparelhos de som automotivo entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Cível de Cotia, já que tem uma dívida de R$ 500 milhões, sendo a maioria no sistema financeiro do país.
Em 2012, a H-Buster encerrou o ano com prejuízo de R$ 300 milhões, o que desencadeou a atual crise financeira da empresa.
Segundo Eduardo Mônaco, advogado responsável pelo pedido de recuperação judicial, feito há duas semanas, a maior parte do prejuízo acumulado veio da linha de televisores. "A linha de som automotivo é lucrativa, enquanto a de televisores é deficitária", diz o advogado.
A empresa tem duas fábricas: uma em Manaus (AM), onde são produzidos os televisores e notebooks, e outra em Cotia, que concentra a fabricação de aparelhos de som automotivo. Dois terços dos 2,2 mil trabalhadores estão em Manaus e o restante em Cotia. No ano passado, a empresa faturou R$ 1 bilhão com a produção de TVs, notebooks e aparelhos de som automotivo. No segmento de TVs e notebooks, a marca é tida como de produtos de segundo preço - isto é, aquelas marcas que não fazem parte do grupo líder do segmento.
Mônaco explica que a forte concorrência entre as marcas de televisores no mercado levou a uma grande redução nos preços dos aparelhos. Isso teria levado a empresa para o vermelho. Pesquisas de mercado mostram que, nos últimos 12 meses, os preços das TVs de tela fina caíram até 40%.
Para reverter o prejuízo, a empresa elaborava um plano de negociação com os credores. Mas o pedido de recuperação judicial foi precipitado porque houve o bloqueio das operações da companhia no mercado financeiro, capitaneado por um banco. "A empresa ficou sem liquidez neste mês, sem capital de giro para pagar os funcionários e fornecedores de componentes, liberar os componentes no porto. Estamos com as linhas praticamente paradas."
Com a entrada de pedido de recuperação judicial, um banco decidiu tornar indisponível uma aplicação financeira feita pela companhia como quitação do empréstimo. Isso complicou a situação da empresa, que tenta agora renegociar com a instituição financeira a reversão da operação. Ao todo, a empresa tem R$ 250 milhões aplicados no mercado financeiro, a maior parte com esse banco.
Futuro
A empresa deve apresentar um plano de recuperação, depois que o juiz se manifestar sobre o pedido de recuperação judicial ainda nesta semana.
Já faz parte dos planos da companhia a venda da linha de produção de televisores e notebooks. Segundo o advogado, essa linha é muito moderna e está avaliada em R$ 800 milhões. Com a venda dessa parte da empresa, seria possível quitar todas as pendências e tocar a parte lucrativa da companhia, que é a produção de aparelhos de som automotivo.
Fundada em 2003, a empresa tem origem sino-brasileira. Os dois irmãos e sócios da companhia, Guilherme e Gilberto Ho, nasceram na China, mas vivem no Brasil desde crianças.
Da Redação com O Estado de S.Paulo
Foto home: Hélio Ricardo Pedroso
Fotos matéria: Magnus Kalata
Fonte: CotiaTododia, por: Beto Kodiak
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