quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Editorial: Vamos “demitir” empresas de ônibus?


ônibus
Garagem da Itaquera Brasil, companhia cheia e passageiros sem atendimentos. Empresas como esta e tantas outras, como EAOSA, Cidade de Mauá, etc, etc há anos prestam maus serviços e continuam nos sistemas. Depois as autoridades se queixam quando a população suspeita que haja corrupção no setor. Foto: Elaine Freires/Helicóptero CBN.

Transportes: é de suspeitar
Empresas com problemas jurídicos e que prestam maus serviços continuam operando sem nenhuma restrição. Se você não cumprisse seus horários e suas obrigações no seu trabalho, você teria seu emprego garantido?
Esta quarta-feira, em São Paulo, amanheceu com mais caos nos transportes públicos. Digo mais caos, porque a situação caótica em boa parte dos serviços é diária.
Além dos cinco dias de greve da pequena e agonizante Oak Tree, na zona Oeste de São Paulo, mais de 200 mil passageiros que dependem dos maus serviços da Viação Itaquera Brasil, nome novo da Novo Horizonte, do Consórcio Leste, ficaram sem transportes. Somente às 10h30 a empresa começou a liberar os primeiros ônibus para as ruas.
A empresa não depositou Participação dos Lucros, salários e direitos trabalhistas.
A SPTrans acionou a operação PAESE – Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência com 65 ônibus em apenas 5 linhas da Itaquera Brasil/Novo Horizonte. A empresa opera 21 linhas com 288 ônibus. Além de ser insuficiente a operação PAESE, os motoristas e cobradores de ônibus em greve impedira, a circulação dos ônibus colocados de maneira emergencial, fecharam ruas e terminais.
A ficha corrida da Itaquera Brasil, que até janeiro se chamava Novo Horizonte, é grande.
Seus sócios já tiveram os bens bloqueados, o Consórcio da qual ela pertence foi alvo de ação civil pública e a própria gerenciadora dos serviços na Capital, SPTrans, reconhece que é a pior empresa da cidade.
No ABC Paulista, a mesma coisa. A EAOSA, de acordo com a gerenciadora intermunicipal EMTU, é a pior empresa das regiões metropolitanas de todoo Estado de São Paulo. Em Mauá, a Viação Cidade de Mauá é campeã em reclamações e há um abismo de qualidade em comparação com a outra empresa do município, Leblon. O dono da EAOSA e da Cidade de Mauá, Baltazar José de Sousa, está foragido da Polícia Federal (que muito estranhamente nunca consegue prendê-lo, apesar de ele ser de fácil localização), e as empresas estão em processo que pode levá-las à falência.
Itaquera-Brasil, EAOSA, Cidade de Mauá e tantos outros arremedos de empresas de ônibus têm vários pontos em comum: não cumprem horários, os ônibus são mal conservados, os motoristas são mal preparados e são cheias de problemas trabalhistas e judiciais.
Outro ponto em comum? Todas recebem multas e mais multas.
E vem a pergunta. Estas multas resolveram os problemas?
Se resolvessem o caos não estaria aí.
Agora vamos fazer uma comparação simples.
As empresas não cumprem horários todos os dias. Se você não cumprisse o horário no seu trabalho todo o dia, você estaria ainda empregado?
E se você fizesse um mau serviço? Não poderia perder o emprego?
Se você tiver problema jurídico então, nem para uma entrevista seria chamado.
Por que só o cidadão tem de agir corretamente? As empresas podem fazer o que querem?
Em outra série de reportagens especiais, mostramos que as companhias de ônibus com dívidas, impedidas de participar de licitações e de manterem os contratos por lei, simplesmente trocam de nome e seguem com os mesmos ônibus, motoristas , garagens e o mesmo serviço precário.
Um cidadão com dívida e com problemas jurídicos não pode trocar de nome para resolver sua situação. E nem deveria. Dívidas são para ser honradas. Mas as empresas podem.
Um cidadão comum não pode trabalhar mal porque é demitido. E deveria ser demitido mesmo. Mas as empresas podem.
Se comprovadamente as multas não resolvem empresas com situações crônicas de mau atendimento, não seria o caso de elas serem “demitidas”, extirpadas dos sistemas para o cidadão não sofrer mais?
Mecanismos há para isso. Mas eles não são usados.
Serviços ruins, problemas jurídicos, dívidas, reincidências e nada é feito de concreto. Depois as autoridades dos transportes se queixam quando o cidadão suspeita de corrupção no setor.

HADDAD DIZ QUE PODE DESCREDENCIAR AS EMPRESAS:
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse em coletiva no final da manhã desta quarta-feira, que pode descredenciar a Itaquera Brasil/Novo Horizonte e Oak Tree. Para ele, a situação das empresas chegou ao limite. A paciência do passageiro também.

Fonte: por: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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