quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Paulistano quer mais prioridade ao transporte público na cidade


ônibus
Ônibus em São Paulo. Mobilidade urbana recebeu nota baixa em pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope. Mas a população não apenas reclama. Mais consciente, cobra mais soluções para os deslocamentos na cidade e exige mais investimentos e prioridade para o transporte público. Foto: Adamo Bazani.

Paulistano quer prioridade ao transporte público revela pesquisa da Rede Nossa São Paulo
A mobilidade na cidade recebeu nota 3,9, considera baixa. Entrevistados querem corredores de ônibus e expansão do metrô
Prestes a completar 460 anos, São Paulo é querida não só pelos seus moradores, mas devido ao seu caráter acolhedor, é admirada pelo país inteiro. Mas a poderia ser uma cidade melhor em diversos aspectos.
A 5ª edição do IRBEM (Índices de Referência de Bem-Estar no Município) divulgada nesta terça-feira, dia 21 de janeiro de 2014, revela que de 0 a 10, os paulistanos deram nota 4,8 para a qualidade de vida na cidade. O índice ficou abaixo da média de escala que é de nota 5,5.
O nível de insatisfação, no entanto, não significa que o paulistano só sabe reclamar da situação da cidade.
Hoje a maioria da população tem a consciência do que pode ser mudado.
Exemplos disso são os indicadores referentes à mobilidade urbana na pesquisa que ouviu 1 mil 512 pessoas com idades a partir dos 16 anos, entre os dias 03 e 23 de dezembro de 2013.
O trânsito e a falta de mobilidade urbana são grandes motivos de insatisfação dos moradores da maior cidade da América Latina, recebendo nota 3,9, muito baixa.
De acordo com o levantamento da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, apesar de reclamar da pontualidade dos ônibus, que recebeu nota 4, e do tempo de espera nos pontos, com nota 3,9; o paulistano sabe que somente a prioridade ao transporte coletivo no espaço urbano e nas políticas públicas é que pode melhorar o “ir e vir” das pessoas e consequentemente a qualidade de vida na cidade.
Provas disso são os anseios por uma maior rede de metrô e mais espaços para o transporte público em geral, com soluções como os corredores de ônibus.
O tamanho da rede de metrô em São Paulo recebeu nota 4,9. Inferior aos 5,9 da primeira edição da pesquisa em 2009.
A prioridade dada ao transporte coletivo no sistema viário ganhou nota 4,1, a segunda pior da série histórica da pesquisa.
Isso demonstra a consciência do paulistano para que os investimentos em transportes públicos sejam rápidos e façam parte das políticas públicas da cidade e não apenas se resumam a ações pontuais.
De acordo com especialistas em mobilidade urbana, uma rede de metrô conjugada com um sistema amplo de corredores e faixas de ônibus faz com que as diferentes demandas em cada região da cidade sejam atendidas de maneira adequada e acima de tudo, respeitando o dinheiro público e a capacidade de investimentos da cidade.
O tempo de deslocamento em São Paulo é um dos aspectos que receberam uma das menores notas no item mobilidade: 3,7.
Este tempo não é satisfatório pelo excesso de veículos que fazem a cidade literalmente parar em alguns eixos, como as marginais dos rios Pinheiros e Tietê, Radial Leste, Estrada do M Boi Mirim e o Corredor Norte/Sul.
E o poder público precisa de fato agilizar as ações em prol da prioridade ao transporte público, uma das principais maneiras para enfrentar o problema. As soluções para diminuir o transito na cidade receberam a pior nota na pesquisa desde 2009: 3,8. Ou seja, estas soluções não são tomadas na quantidade e no perfil necessários para São Paulo.
Outro aspecto dentro da mobilidade urbana é em relação aos ônibus fretados. Parte da população que não usaria num primeiro momento o transporte público optaria por este meio de deslocamento.
A restrição aos ônibus fretados não agrada a população. A medida recebeu também a pior nota da série histórica: 4,0.
Hoje o cidadão tem consciência que mobilidade urbana é muito mais que transporte de pessoas, mas é garantir a qualidade de vida.
Os congestionamentos em São Paulo geram custos anuais na ordem de R$ 50 bilhões de acordo com estudo realizado pelo economista Marcos Cintra, da Fundação Getúlio Vargas.
É dinheiro gasto em infraestrutura para receber um número cada vez maior de veículos, perdido pela falta de produtividade de trabalhadores e empresas, custos com combustíveis queimando à toa nos congestionamentos e na área da saúde. De acordo com o professor e médico Paulo Saldiva, em estudo pelo instituto de poluição atmosférica da USP – Universidade de São Paulo, aproximadamente quatro mil pessoas morrem na cidade por ano por problemas de saúde gerados ou agravados pela poluição atmosférica.
Hoje na cidade, o excesso de veículos representa 80% das emissões de poluentes no ar.
Além do dinheiro e da saúde, as pessoas perdem o prazer com a vida por causa da falta de mobilidade urbana.
Em vez de estarem presos nos congestionamentos, os cidadãos poderiam fazer um curso para aumentarem as oportunidades de crescimento, poderiam estar com a família, praticando esportes, se divertindo ou descansando. Não é exagero, mas muitas pessoas na cidade perdem horas de sono por causa do tempo de deslocamento ampliado pelo excesso de veículos.
Mais uma vez a população dá o recado.
É claro que muitos dos que pedem mais mobilidade ainda têm a cultura do deslocamento pelo transporte individual, mas quando estas pessoas verem quando os sistemas de transportes públicos se tornarem mais vantajosos, a cultura vai aos poucos se transformando.
Mas é hora de agir de maneira mais intensa.


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