Média é a maior da história. Congestionamentos e poluição viram realidade em municípios menores
Foi-se o tempo que investimentos em mobilidade urbana deveriam ser intensificados nas metrópoles brasileiras.
Hoje, os problemas de trânsito e poluição já são preocupações de médias cidades e até de municípios considerados pequenos.
É o que mostram os dados do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito. Hoje o Brasil tem uma média de um carro para 4,4 habitantes, de acordo com reportagem de Thiago Reis, do site G 1, em São Paulo.
Das 5 mil 570 cidades brasileiras, só 19 não registraram crescimento na frota de veículos em 2013.
Dos 45 milhões 444 mil 387 veículos, a região Sudeste concentra 25,2 milhões. A região Sul tem 9,8 milhões de automóveis. O Nordeste tem 5,4 milhões, o Centro-Oeste possui 3,7 milhões e o Norte, 1,3 milhão de veículos.
A alta relação de carros por número de habitantes não é característica mais só de grandes cidades. São Caetano do Sul, no ABC Paulista, tem 159 mil moradores e 99 mil veículos, uma média de dois carros para três habitantes. A cidade, apesar de pequena, fica numa das áreas mais desenvolvidas e urbanizadas do País, com a forte presença da indústria automobilística e uma das maiores rendas per capta da região.
No entanto, até mesmo nas cidades mais afastadas do grande centro e com menor renda a quantidade de carros em relação ao número de habitantes cresce.
É unanimidade entre os especialistas que a solução principal para os problemas de trânsito e poluição é o investimento no transporte público.
O problema não é a população ter carro. É um direito para quem deseja. A questão é que com a falta de redes de transportes que atendam as necessidades desta população, o carro ou a moto acabam sendo a única opção confortável e rápida para os deslocamentos diários.
É tendência mundial nas cidades que buscam qualidade de vida em todo o mundo que as viagens do cotidiano, como para o estudo e trabalho, sejam feitas por transporte público.
Já é sabido que o trânsito consome recursos públicos e privados, saúde e qualidade de vida.
Os números do Denatran mostram que hoje os investimentos em transportes coletivos não devem se concentrar apenas em metrópoles e regiões.
Cidades interioranas hoje têm necessidade e demanda para estruturas ferroviárias e corredores de ônibus, estes que são de rápida implantação, baixo custo e bons resultados pela demanda atendida e ganho de velocidade nos deslocamentos.
Outra questão preocupante é o crescimento do número de motos. Hoje o País tem 18 milhões de motos, uma para cada onze habitantes na média nacional. Em 2003, eram 5,3 milhões de motos no Brasil, uma para trinta e três moradores.
Em 44% das cidades brasileiras, a frota de motos já ultrapassou a de carros. Na maior parte das vezes, são municípios pequenos e com moradores de baixa renda.
O problema das motos não se restringe aos congestionamentos e poluição (uma moto polui 17 vezes mais que um carro e 34 vezes mais que um ônibus, levando em consideração o número de passageiros transportados e as emissões absolutas de cada veículo). Quase metade dos acidentes com vítimas envolve motos, o que representa mais pessoas com danos físicos e mais gastos com saúde pública. Envolvendo todos os tipos de veículos, o Ministério da Saúde registra cerca de 40 mil mortes no trânsito por ano. A cada ano são quase mil mortes a mais no trânsito brasileiro.
No caso do crescimento no número de motos, no entanto, é revelada outra necessidade sobre o transporte público: formas de financiamento para deixar as tarifas mais acessíveis para a população de mais baixa renda.
Normalmente, o baixo custo de aquisição e manutenção das motos atrai mais pessoas para este meio de transporte.
Alternativas não faltam para o barateamento do transporte público: desonerações, políticas de transferência de investimentos do transporte individual para os meios de massa, melhor distribuição do financiamento das gratuidades. Basta que estas alternativas saiam do papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, Reclamações, Elogios, Comentários e Perguntas