segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Governo “esquece” aumento de ônibus e mascara inflação


IBGE esquecido
IBGE “esquece” de computar aumento da tarifa de ônibus de Belo Horizonte no IPCA de janeiro. É mais um fato na dança dos números para mascarar a já estourada inflação, depois de pedidos de congelamentos das passagens em capitais, e que causa estranheza do mercado.
Governo Federal “esquece”aumento de ônibus e intriga mercado
IBGE não computou reajuste em Belo Horizonte e (com ou sem intenção) mascarou IPCA
Que a inflação é maior que os índices da economia expressam, isso não é novidade para ninguém. Basta ir à feira, ao mercado, ao salão de cabeleireiro, à farmácia, etc.
Que o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, dá seu “jeitinho brasileiro” para disfarçar índices maiores, que extrapolam as metas estipuladas pelo próprio governo, ao controlar e congelar preços, é de conhecimento até da imprensa internacional.
Tanto é que, nas cidades onde a tarifa de ônibus mais pesa nos índices oficiais, como São Paulo e Rio de Janeiro, Mantega implorou para que as prefeituras adiassem os aumentos. Até para o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de partido extremamente rival, Mantega pediu o favorzinho e foram congeladas as tarifas dos ônibus intermunicipais da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, do Metrô e da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

Agora, surge um fato novo, dentro da ausência de política econômica contra a inflação, que, no mínimo, causa estranheza no mercado.
O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística “esqueceu” de computar no IPCA 15, referente a janeiro, o aumento de 5,66% na tarifa de ônibus urbanos de Belo Horizonte.
O IBGE só reconheceu o esquecimento depois da manifestação de economistas.
O reajuste pesaria 0,01% no IPCA. Parece pouco, mas para quem está com as metas estouradas e faz uma verdadeira política de equilibrar pratos no picadeiro, é um peso importante a mais. E para os que insistem que é pouco, teria sido o suficiente para causar, por exemplo, o estouro do teto da meta do governo em 2011, quando o IPCA fechou em 6,5%.
O reajuste será computado no IPCA de fevereiro, a ser divulgado em 08 de março. Mas aí não vale. Até lá, outros reajustes serão amortizados e mesmo computando o índice, perde-se a real noção do impacto inflacionário na economia no início do ano. E será que outros aumentos foram omitidos?
O instituto disse que ocorreu uma falha de processamento de dados. Mas o fato é que com ou sem intenção, isso mascarou os índices de inflação. E se não fossem os economistas a apontarem o erro, isso passaria em branco pela sociedade brasileira.

DÉFICIT DO ANO PASSADO TAMBÉM SÓ FOI COMPUTADO AGORA:
Esse jeitinho de controlar preços para disfarçar a inflação causou rombos de mais de R$ 16 bilhões na Petrobrás.
Os preços da gasolina e do diesel ficaram praticamente congelados e desatualizados em relação ao valor do petróleo no mercado internacional.
E isso pesa demais para o bolso do país. Sabe aquela história de que o Brasil é autossuficiente em Petróleo. Não é verdade, ou para ser complacente, é uma meia verdade. O Brasil produz o óleo bruto, mas tem de importar gasolina e óleo diesel refinados. Ainda mais o diesel S – 50, e futuramente o S-10, usados em ônibus urbanos das capitais e regiões metropolitanas, que é mais apurado, tem um refino diferente e é menos poluente que o diesel “antigo”.
Mas os rombos causados por esta política de contenção de índices só foram conhecidos agora.
Nunca antes na história deste País, em 66 anos de medição, o déficit nas contas correntes, que incluem todas as transações financeiras e comerciais do Brasil com o exterior, foi tão grande para um mês de janeiro. Os prejuízos chegaram a US$ 11,3 bilhões. De acordo com o Banco Central, o que mais pesou neste índice foi a balança comercial, que teve em janeiro resultado negativo de US$ 4 bilhões. Mas muito destes dados de janeiro, são referentes ao ano passado que também o Governo Federal se “esqueceu” de computar e que, segundo economias, poderia sim ser calculados em 2012. O valor foi influenciado por importações de combustíveis e lubrificantes pela Petrobras, que, de fato, aconteceram em 2012, mas se fossem revelados desde o meio do ano passado, denunciaram os rombos provocados pela política de congelamento dos preços do diesel e da gasolina.
Para equilibrar os pratos dos índices de inflação, os combustíveis só aumentaram depois de a energia elétrica ter os preços reduzidos.
Agora, com vai e vem de preços de matrizes energéticas, congelamentos de tarifas de ônibus até pela oposição, “esquecimento” de índices, será que a credibilidade da política econômica de Lula (ainda é a mesma), de Dilma e de Guido não foi abalada junto ao mercado e à população, embora que o povo pouco sabe desses números?
Isso porque, há também, desde a época de Lula e com prosseguimento com Dilma, a prática de o Governo Federal exaltar os índices que lhe são favoráveis e desmerecer os que não são tão otimistas.
Os discursos de Dilma minimizando o PIBinho decepcionante da economia brasileira mostrou no mínimo desespero e falta de preparo da equipe econômica.

Fonte:  por: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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